sábado, 21 de junho de 2008

Poço




O título deste “post” podia ser miragem, vazio, distante…sem fundo…mas optei por poço porque dá uma ideia mais “fresca”, mais natural…mais objectiva.


Poço que poderia ser das virtudes, dos desejos, das fortunas… mas será antes um poço com água e ar em quantidades aleatórias. Um poço com um fundo muito distante, com um balde de madeira pendurado pronto a deixar-se levar na escuridão incerta…sim, porque olhando para baixo apenas se vê uma escuridão inquietante e que convida ao arremesso de uma pequena pedra para ver quanto tempo é que esta demora a chegar ao fundo, de forma a ter “uma noção” da profundidade, para substituir o incerto pelo pouco certo (que, inconscientemente, queremos considerar como certeza quase absoluta).

Há alturas na vida em que olhamos para a vida, como se o relógio estivesse parado, e encarando-a de frente não conseguimos ver nada em concreto. Como se uma “miopia crua” não nos permitisse ver além do nevoeiro e, mesmo quando o nevoeiro parece desvanecer-se o que conseguimos ver é uma longa estrada com árvores (cheias de folhas verdes a dançar ao vento) de ambos os lados mas sem indicações, sem uma mísera placa indicativa do que quer que seja. Uma estrada que termina com uma curva. Uma curva para a direita mas que não sabemos onde vai dar. Esta metáfora da estrada poderá ser mais preocupante quando nos apercebemos que, afinal, não estávamos a olhar para a frente, mas antes para trás…mas isso são outros caminhos, até porque esses já foram percorridos.

Então, no meio da estrada… resta-nos olhar para o poço e novamente encontrar outro vazio. Este numa mistura de estados…ora líquido, ora gasoso…mas sempre enigmático, difuso, incerto. Ali, guardado por aqueles blocos graníticos frios, rudes, sujos, disformes. Como é que aquela protecção tão “básica” pode encerrar um “mistério” daqueles.

Bem, o texto já vai longo e, não querendo “dar de beber à dor” com água deste poço… queiram desculpar-me, ninguém vai dar por nada, vou sentar-me aqui, à beira do poço, e vou adormecer com as estrelas à luz da lua…

terça-feira, 10 de junho de 2008

Respiro


Inspiro
Expiro
Espirro
Quase conspiro
Quando respiro…
Mas, mantenho-me fiel aos princípios e a mim mesmo sugiro
A mudança da “mundança” em que giro
Que por vezes não passa de, no pé, um tiro
Quando surge a vontade de dizer que me “piro”…
Deambulo, transpiro…
Mas eis que surge mais um suspiro
E, novamente, inspiro e expiro…. Respiro!

Além da potencial associação ao fantástico e utilíssimo objecto associado ao fenómeno renovação de ar… este “respiro” é um estado latente… como que no sufoco quente de uma tarde de Verão em que se espera o revigorante refrescar da brisa… de alguém que abra uma qualquer janela escondida que nos garanta uma corrente d’ar refrescante… um “ar fresco” do tipo D. Sebastião, mas sem manhã de nevoeiro…mas que tarda em chegar.
Não se importa de me servir alguns dias de vida com 2 cubos de gelo? Obrigado!