domingo, 6 de fevereiro de 2011

Que se intervencione




Recebi aos 31 dias do mês de Janeiro um mail que referia que ainda se fazem músicas de intervenção. Não li, reservei…Aguardei e mais tarde ouço referência à mesma música na TV…os Deolinda tinham voltado noutro “movimento associativo” a dizer o que já muitos falam.
A época é de crise, ou estamos numa épica crise em que o apuro, a escassez, a revolta talvez só possam ser combatidos com engenho e arte, teimosia (ou persistência), sorte e trabalho.
Não estando em crise de palavras, mas pedindo emprestadas. As crises e as músicas de intervenção não se calaram, foram mutando, ficando em surdina…será que hoje voltaram a aumentar os ouvidos sequiosos delas?
Deixo outra letra (porque não encontro a musica no youtube) e um clássico…e que se intervencione

Falta De Educação (Quinta do Bill)
Não há pobreza maior para um país
do que a falta de educação
dar um canudo a um jovem que não lhe serve p'ra nada
e deixá-lo entregue à sua mercê

Eu não consigo entender para que serve
o que os escravos dessas taxas vão mostrar
aos Senhores da Europa a quem vão obedecer
é apenas um disfarce, nada mais

Contestar, contestar
contestar é a alma de um país em construção
que se bate p'lo direito a dizer não, não, não
Não!

Não se pode continuar a confundir
quantidade e qualidade
que sentido faz pagar as propinas hoje em dia
sem receber uma boa formação

Contestar, contestar
contestar é a alma de um país em construção
que se bate p'lo direito a dizer não, não, não
Não!

Que parva que sou (Deolinda)
Sou da geração sem remuneração
e não me incomoda esta condição.
Que parva que eu sou!

Porque isto está mal e vai continuar,
já é uma sorte eu poder estagiar.
Que parva que eu sou!

E fico a pensar,
que mundo tão parvo
onde para ser escravo é preciso estudar.

Sou da geração ‘casinha dos pais’,
se já tenho tudo, pra quê querer mais?
Que parva que eu sou!

Filhos, maridos, estou sempre a adiar
e ainda me falta o carro pagar,
Que parva que eu sou!

E fico a pensar
que mundo tão parvo
onde para ser escravo é preciso estudar.

Sou da geração ‘vou queixar-me pra quê?’
Há alguém bem pior do que eu na TV.
Que parva que eu sou!

Sou da geração ‘eu já não posso mais!’
que esta situação dura há tempo demais
E parva não sou!

E fico a pensar,
que mundo tão parvo
onde para ser escravo é preciso estudar.