sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

De 25 a 1....


Estamos na época dos votos!

Logicamente que não me refiro às necessárias (?) eleições que se avizinham, mas antes aos votos de Bom Natal e Próspero Ano Novo, as Boas Festas que terminam com as entradas, puro antagonismo de terminar com entradas…algo que os nuestros hermanos (nossos vizinhos espanhóis ou outro caloroso título com que os queiramos abraçar) não subscrevem, ficando antes à espera que os reis se apresentem ao serviço (por cá o nosso rei ainda continua desaparecido – não incluindo no título monárquico nem o Eusébio, nem o “dos frangos”.

Para uns o ano de 2010 foi bom, para outros mau…para os sobrantes, isto é, para os não incluídos nos grupos anteriores, o ano foi nem bom nem mau, antes pelo contrário e vice-versa. Se foi bom ou mau, neste momento pouco importa, até porque o balanço já tem que estar feito e todas as ilações tiradas. Não há tempo para olhar para trás… passando a redundância, que se calce um calçado adequado e pés ao caminho!

Para que esta declaração (com perspectivismo inicial “festeiro”) tenha realmente algum valor, termino citando um génio e deixando um som “simpático”.

Triste de quem vive em casa,
Contente com o seu lar,
Sem que um sonho, no erguer de asa
Faça até mais rubra a brasa
Da lareira a abandonar!

Triste de quem é feliz!
Vive porque a vida dura.
Nada na alma lhe diz
Mais que a lição da raiz
Ter por vida a sepultura.

Eras sobre eras se somem
No tempo que em eras vem.
Ser descontente é ser homem.
Que as forças cegas se domem
Pela visão que a alma tem!

(Fernando Pessoa)


quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Circunstancialismos…




De forma benéfica, maléfica, benévola ou malévola…o silêncio tomou conta até deste espaço. Para arejar? Talvez… deixo a resposta ao livre arbítrio, ou um outro arbítrio e as circunstâncias que lhe estejam inerentes.


Tendo o silêncio sido substituído por um emaranhado de caracteres, congregados num parágrafo com pouco sentido, parto rumo a outro com as circunstâncias que me assolam, ou isolam, ou “ensolam”, fosse o caso do astro-rei me desse o prazer da sua companhia (acontecimento deveras raríssimo, que era ter um antecipado sol da meia-noite às 23 horas, agravado pela posição geográfica em que me encontro).

Deixando as físicas, metafísicas, geografias e apoplexias… tenho é mesmo que me render às circunstâncias.

Já por algumas vezes optei por expor no meu msn a frase “é o caos, é o caos é a mutação…voltar atrás, pisar, dar um passo em frente”, que me parece ser um pouco o meu estado de alma (?) neste momento. Em primeiro lugar esclareça-se que esta frase é de uma música dos Clã chamada “Pois é”, do álbum Luso qualquer coisa. Hoje opto por referir esta frase porque é como me sinto, ou não sinto. Passo a (tentar) explicar. Parece que me encontro a viver num turbilhão de ideias, vontades, dúvidas, faltas de vontade, certezas…ou será isto um sobreviver? Um alimentar o corpo e ir passeando a alma? Bem, enquanto a alma passeia, pelo menos areja.

Nesta minha forçosa, imperiosa e, por vezes, custosa mudança de ares acabei por me estranhar por outros locais e não há maneira de me entranhar. Como que vou periodicamente à minha fonte, carregar este íman que me atrai para “o meu espaço”… como diria o outro que, apesar de não gostar muito de o ouvir (mas vou ouvindo): I’m an “englishman in New York…pelo menos até chegar ao clássico dessa mesma cidade

Start spreading the news
I’m leaving today
I want to be a part of it...




segunda-feira, 21 de junho de 2010

Friendship


Não tem sido fácil vir até aqui explanar o que paira na minha mente. Não é que ela tenha andado vazia de conteúdo, mas o tempo e a vontade eram poucos.

Tenho estado numa de selecção. Não na de futebol, porque a essa auguro pouco futuro. É mais uma selecção de conviventes, comparsas de paleio e de “amigos” ou pseudo-amigáveis personalidades que determinadas circunstâncias nos fazem toldar o raciocínio lógico.

É incrível como nos deixamos levar. Vamos indo, embalados pelos encantamentos alheios, ao som das nossas necessidades pontuais, na divina resposta às nossas monótonas e pesadas preces. Afinal, sempre aparece alguém interessante no nosso caminho. Mas, não estando o “pacto” alicerçado, tudo se esfuma e de essencial se passa a supérfluo e de supérfluo a volátil, isto é, do “horário”, passa-se semanal, quinzenal, mensal…desaparece-se. Creio que o segredo está em sabermo-nos fazer desaparecer antes que nos apaguem, ou então fazer para que não tenhamos o nosso “status amigável” em rápida e quiçá irreversível fase adiantada de decomposição.

Com o passar do tempo, são os amigos que nos agarram o presente, com os pés bem vincados no passado. Estar à beira-mar, o mar no seu movimento cíclico, no seu vaivém que apaga as pegadas. Leva o que nos levou lá, mas não leva quem nos sustém. Oxalá tenha a capacidade de aproveitar a ondulação para deixar ir quem prende sem segurar e de deixar de segurar que não tem vontade de ficar.

Disse o poeta:

“Eras sobre eras se somem
No tempo que em eras vem.
Ser descontente é ser homem.
Que as forças cegas se domem
Pela visão que a alma tem! “



terça-feira, 30 de março de 2010

Vida




Entre o “ai vida, vida…” e o “ai a minha vida a andar para trás”, fica o “que vida” e tudo se poderá resumir dizendo que “a vida está pela hora da morte”. Esta última expressão poderá ser controversa, estranha. Diria mesmo que é uma frase “alternativa” porque não diz nem sim nem não, antes pelo contrário e vice-versa. Como já se depreende, ando com as ideias muito organizadas.


Não sei se o facto de abordar esta temática se prende por ter revivido o êxito “Esta vida de marinheiro”, mas não duvido que o talento do artista não tenha a sua cota parte de responsabilidade.

Um poeta de excepção (devidamente musicado) diz que “a vida é como uma corda/de tristeza e de alegria/que saltamos a correr/pé em baixo, pé em cima até morrer/Não convém esticá-la/nem que fique muito solta/bamba é a conta certa…”. Há alturas em que apertamos demasiado com a vida, arriscamos, vivemos no limite, ansiamos por mais e mais…outras há em que a vida parece que está quase a dar o “tilt” e afinal todo este viver (ou sobre-viver) não passa de uma série de acrobacias num trapézio sem rede.

Da vida muito se poderia dizer. Tem fases preenchidas, tem fases vazias…fases em que se precisa de espaço, outras em que nos sentimos asfixiados. Há momentos intermináveis e infindáveis instantes…quase que são como o mar, em que “há ir e voltar”, como que aquele movimento vaivém das ondas…agora que penso nisto parece-me uma metáfora bastante plausível…a vida como o mar (lá vai para segundo plano a ideia da corda bamba). A vida é ou não cíclica? A minha parece ser… A vida traz vida, dá vida, tira a vida… é monótona e agitada. Tem marés altas e baixas (e marés negras…). Ah, como sabia bem agora um zéfiro com maresia acompanhado de um ruidoso silêncio revigorante marinho… Bem, a distância apenas me permite o ensurdecedor murmurar da serra. Vou pensar no que irei perguntar “ao vento que (aqui) passa”.



terça-feira, 2 de março de 2010

Eu hoje



Aaaah, novamente a página em branco. Há ideias, disso tenho a certeza. Elas são como cogumelos, aparecem “do nada”, crescem furtivamente e algumas há que, pelas suas características, envenenam o meu bem-estar. Creio que ultimamente as minhas ideias enraizaram, foram ao mais profundo do “eu”, impregnaram bem a matriz do meu ser e alimentam-se em locais onde outrora não existia actividade cognitiva consistente.

As ideias são difusas, o futuro incerto e as vontades atropelam racionalidades e fazem emergir as subtilezas do ser.

Aquele passado que me construiu, tem ruido, como se os alicerces tivessem sido “co-roídos”. São vários os roedores e algumas as “ratoeiras” com que nos deparamos na vida, mas há algumas em que parece que não conseguimos escapar, ou não somos suficientemente ardilosos para não ceder perante o isco. Damos votos de confiança, compreendemos, aceitamos, enganamo-nos, viabilizamos, damos benefício da dúvida, desacreditamos…maldita burrice cíclica e sentimentalismo míope.

Não consigo entender porque é que ciclicamente encontro pessoas “iguais” e me deixo acreditar uma vez mais. Afinal também se vive sem aquela pessoa que julgamos tão interessante e original, até porque se essa pessoa não se tivesse eclipsado, não teríamos visto essas mesmas características (acrescidas de outras) em outras pessoas. Mas, a ilusão é perene e emergem os factores que nos devolvem o eterno deja-vu.

Poucas são as pessoas que (ainda) trago comigo. Felizmente tenho conseguido arejar as minhas carruagens, substituir passageiros, eliminar intrusos (ou “intrujos”), rastrear os restantes companheiros de viagem e condicionar o acesso. Falso modesto? Empertigado? Envaidecido? Prefiro precavido, previdente, cansado de doses excessivas de “boa-fé”. Estou em mutação. Já me “acusaram” de estar diferente, não desminto. Estou menos “eu”. Estou à procura de outro “eu” que conserve algum do passado, que analise melhor o presente e que tenha um amanhã em que, apesar de a chuva imperar e o frio penetrar pelos poros, seja cumprimentado por uma tonalidade clara no firmamento.


terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Água(ceiros)




Fiando-me na simbologia da água… bem que precisava de um aguaceiro pela cabeça abaixo. Não, não julguem que me está a faltar a água em casa ou que ensandeci.

Não posso deixar de referir que até sou apologista da chuva que acompanha muito bem um Inverno bem temperado. Gosto da chuva, não por ser do contra. Estar em casa e ver/ouvir a chuva a cair na rua tem a sua dose de bem-estar. Para andar (a pé) na rua também não é mau de todo porque as pessoas não deambulam por todo o lado; seguem em carreiros limítrofes, com as varas do guarda-chuva apontadas aos globos oculares dos mais incautos (principalmente quando o carreiro se movimenta no sentido contrário), visibilidade toldada pelo tecido impermeável e lá vão a varrer a vizinhança. Os que se esquecem do guarda-chuva vão de cabeça para baixo e a circular em nítido excesso de velocidade. A cabeça para baixo será para se protegerem das varas? Para não verem que está a chover? Será que a pinga no “cocuruto” é menos desagradável que no nariz? Não concordo, mas também cumpro este ritual sempre que necessário.

Bem, explicada a minha “não – embirração”com a chuva, fica por explicar a minha necessidade sentida de aguaceiro. Não referi a “chuva molha tolos”, nem a torrencial (entender-se-á porquê, julgo eu…). Um puro e simples aguaceiro. Algo que refresque, que molhe (porque ando à chuva). Se na simbologia a água representa uma alteração substancial no nosso estado, para um outro mais “purificado”, acho que estou a precisar de água fresca (não, não é a da musica da Dina). Não sei se a terapêutica deverá ficar-se apenas por “molhar a moleirinha”, mas acredito que não é apenas placebo.

Eh pá…recordei-me agora do Carlos Paião, que a chuva na sua Cinderela serviu de disfarce, mas não é o caso (apenas o refiro porque me lembrei da música).

Vá…venha de lá “uma chuvinha jeitosa” que me inspire. Que me refresque “corpo e mente” e me deixe apto (não mentecapto) para resoluções que se avizinham complexas…
(a música tem o seu quê de Passado e de Futuro…). A humilde foto saiu da objectiva da minha máquina.

terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Esferas


A vida é um fenómeno circular, fechado. É compacta e oca, pesada e leve, lisa e áspera, vai rolando e oxalá tenha um fim perfeitamente redondo.

Enunciando esta teoria “bolástica” da existência, poderia ter escolhido outra palavra, mas acho que esfera dá outra perspectiva, como que um outro peso à ideia (sim, que as ideias também têm o seu “quê” de peso).
A minha esfera tem circulado “por aí” já há alguns “meses” (não interessa quantos) …apresenta desgaste, mas tanto se faz valer dos planos descendentes para descer, como do balanço resultante para subir - relembrando as aulas de física…também aqui não posso deixar de desprezar o atrito que, aqui, também é uma “força menor” que apesar de ser contra não tem sido suficiente para alterar o movimento.
Muitas são as vezes em que a nossa esfera se cruza no caminho com outras semelhantes, acompanha as suas viagens e é acompanhada por outras… como se de um enxame de esferas se tratasse, mas sem as asas e os zumbidos…porque a esfera a rolar já é “coisa” para emitir ruído que baste. Há alturas em que a nossa esfera como que encolhe, perde peso e vamos como “esfer(a)ovite”. Voamos, vamos para onde quer que seja. Depositamos a confiança no vento ou, simplesmente, soltamos a força da gravidade, baixamos as resistências e deixamo-nos ir “indo”…quiçá deixar que o vento nos leve para longe, para outras paragens, para outros andamentos…para um carreiro solitário, para junto de outras esferas etéreas mas voláteis…
Bem, certamente a esta altura estarão a pensar que considero a minha vida como o (saudoso) jogo do berlinde. Não é uma ideia de todo errada, mas a “arbitrariedade”deste jogo raramente se manifesta. Como que há um “esferismo” ou “berlindianismo”muito próprio e, talvez, cíclico. Será tempo de renovação do “enxame esferal”?
Não há esferas que fiquem para sempre (a rolar ou paradas connosco…).
Para terminar o post e debruçando-me sobre a habitual música, era previsível demais a inclusão da musica “esfera” do P. Khima, pelo que optei por estas...