segunda-feira, 22 de abril de 2013

(Em) Construção




Como estou? Vai-se construindo.

Construção, edificação, constantes aperfeiçoamentos (remendos?) da vida.

O blog está em construção, estou em construção…

Lá estou (eu, claro) nos meus momentos de cogitação e respetiva verbalização de voláteis ideias resultantes de teorias muito solúveis – apesar de em algumas vezes a solução ser imiscível.

Esta música, de tão rica que é, conseguiu o efeito de me “matraquear” as sinopses, dentrites…toda a estrutura dos neurónios (ainda) activos e, por isso, declaro-me em construção. Aliás, isto sempre me pareceu óbvio, mas acho que neste momento se tornou mais claro.

As palavras de Chico Buarque “que me perdoem”, mas ganham outra “luz” na voz da Cristina Branco.

Este opíparo poema dificulta-me a sua divisão e escolhe de uma porção porque são vários os excertos que me parecem ter tanto significado:  “Ergueu no patamar quatro paredes sólidas/Tijolo com tijolo num desenho mágico/Seus olhos embotados de cimento e lágrima” – como a vida se constrói sólida, com desenhos de futuros sonhados e que tantas ou raras vezes (consoante o coeficiente de realização) culminam ou convivem com olhos embotados, toldados com nevoeiro matinal que encobre o sol e encobre as nuvens do espelho da alma…

Pouco mais vou dizer, deixo as palavras do poeta:

Amou daquela vez como se fosse a última
Beijou sua mulher como se fosse a última
E cada filho seu como se fosse o único
E atravessou a rua com seu passo tímido
Subiu a construção como se fosse máquina
Ergueu no patamar quatro paredes sólidas
Tijolo com tijolo num desenho mágico
Seus olhos embotados de cimento e lágrima
Sentou pra descansar como se fosse sábado
Comeu feijão com arroz como se fosse um príncipe
Bebeu e soluçou como se fosse um náufrago
Dançou e gargalhou como se ouvisse música
E tropeçou no céu como se fosse um bêbado
E flutuou no ar como se fosse um pássaro
E se acabou no chão feito um pacote flácido
Agonizou no meio do passeio público
Morreu na contramão atrapalhando o tráfego
Amou daquela vez como se fosse o último
Beijou sua mulher como se fosse a única
E cada filho seu como se fosse o pródigo
E atravessou a rua com seu passo bêbado
Subiu a construção como se fosse sólido
Ergueu no patamar quatro paredes mágicas
Tijolo com tijolo num desenho lógico
Seus olhos embotados de cimento e tráfego
Sentou pra descansar como se fosse um príncipe
Comeu feijão com arroz como se fosse o máximo
Bebeu e soluçou como se fosse máquina
Dançou e gargalhou como se fosse o próximo
E tropeçou no céu como se ouvisse música
E flutuou no ar como se fosse sábado
E se acabou no chão feito um pacote tímido
Agonizou no meio do passeio náufrago
Morreu na contramão atrapalhando o público
Amou daquela vez como se fosse máquina
Beijou sua mulher como se fosse lógico
Ergueu no patamar quatro paredes flácidas
Sentou pra descansar como se fosse um pássaro
E flutuou no ar como se fosse um príncipe
E se acabou no chão feito um pacote bêbado
Morreu na contra-mão atrapalhando o sábado

O que é lógico, o que é sonho, o que é mágico…tudo muda, tudo se constrói mas nem sempre no sentido lógico, mágico, prático, físico, lúdico… Há que continuar a crescer, a se “auto-construir” com a filosofia do desenvolvimento sustentável, sem manuais, sem instruções...

Não encontrei a música no youtube ou afins...