domingo, 23 de março de 2008

So(riso)


Certamente já muito se escreveu sobre o movimento da musculatura facial que consiste num maior ou menor esforço para mostrar (ligeira ou consistentemente) a dentição, por vezes acompanhado de um registo sonoro, discreto ou hiperbólico, mas sempre “característico”.
Há coisas que nos fazem rir, outras que nos fazem sorrir e, outras ainda, que mascaramos com um sorriso (comprometido ou para não comprometer) … ou seja “para a fotografia”.
Assim, o so(riso) varia consoante a situação, o estado de espírito ou mesmo a sua ausência e consoante a circunstância.
Não se prevê (da minha parte) provocar um simples esboçar de sorriso da vossa parte aquando da leitura, mas no caso de o esboço provocado ser um bocejo, agradeço que também não mo comuniquem.
Voltando ao tema, não são só as situações que nos fazem sorrir, também certas pessoas nos fazem rir ou sorrir com a sua pessoa (não se entenda “rir da”, mas “rir com” a pessoa), mas também há aquelas que nos fazem sorrir “entre dentes”, ou até perder a vontade de sorrir.
O simples gesto do sorriso pode acalmar, transmitir confiança, “quebrar o gelo” e, quem sabe, ser uma ponte para um entendimento (ou para um desentendimento, quando acompanhados de uma textura em tons alternativos ou na ausência de textura...).
Algumas pessoas que vão (assim o espero) ler este texto, sabem que me conseguem arrancar um sorriso “sincero” e, de quando em vez, um riso alicerçado, a vocês a minha homenagem por conseguirem, por vezes, esta árdua tarefa. Outros há que, como a qualquer simples mortal, me dão vontade de não sorrir, o que não implica o sentimento tido como oposto, que é chorar. Afinal, o que estará nos antípodas de sorrir? Na minha perspectiva o contrário de um sorriso apenas poderá ser um “não sorriso”…
Bem… aguardo a vossa opinião. Não se riam, comentem… :-)

Finalizando, com uma “frase feita” (mas sem ser daquelas que o sorriso enriquece quem o recebe e tal e tal…):

“Feliz a 100% só mesmo um pateta feliz”.

A escolha da imagem… bem… a escolha “caiu” sobre um personagem que tem um lema de vida que se coaduna, de certa forma com o tema (“Hakuna matata”).

terça-feira, 11 de março de 2008

11 de Março

Hoje nao vos escrevo, mas transcrevo um texto elaborado por alguém que esteve em Madrid pouco tempo depois dos atentados. Como gostei do texto, resolvi partilhar.....o texto está em português "do brasil". Outras perspectivas, rumo à "amplitude":

Cheguei ontem de Madrid. Entre muito frio e chuva, visitei a cidade! Estive hospedada na casa de amigos em Alcalá de Henares, a cidade de onde partiu a maioria dos comboios que explodiram. O único que não saiu, passou por lá. Como pode-se imaginar é uma cidade de luto! Muitas faixas pretas nao deixam esquecer o que aconteceu.
Ouvi, dos meus amigos brasileiros que lá estão, que as pessoas que estavam nos comboios que nao explodiram estão passando por tratamentos psicológicos. As bombas explodiram em comboios alternados e essas pessoas, que deram a sorte de não estar nos comboios destruídos, tiveram que atravessar pelos corpos mutilados, em busca de socorro.
Os explosivos utilizados são especializados em estraçalhar a carne humana. Assim, fica fácil de entender as 13 sacolas de restos mortais que sobraram sem identificação. As pessoas disseram que o mais marcante e difícil de esquecer é o cheiro de carne assada misturada com sangue pisado.
Fiquei chocada quando percebi que apesar de todo o estrago, esse atentado não funcionou com perfeição. A intensão era explodir dentro da estação de Atocha. Como não foram utilizados homens bombas e sim mochilas explosivas, eles erraram nos cálculos e explodiram antes, pouco antes. Se eles tivessem conseguido explodir a estação (a mais importante de Madrid), a tragédia seria infinitamente pior. Imaginem uma Estação da Lapa (guardada as devidas proporções), indo pelos ares as 8 da manha...
Fiquei aterrorizada! Andei assustada em Madrid todo o tempo. As pessoas falam em evitar o pânico, manter a normalidade para não entrar no jogo dos terroristas. Mas para mim, brasileira, aquilo tudo é uma loucura tão grande, que não consigo me manter indiferente.
Inclusive, fui fazer um macabro tour pela famosa Atocha! Me convenceram falando de sua beleza e, de fato, fiquei surpreendida! Um jardim de inverno enorme toma o centro da estação. Estação esta que reune metrôs, ônibus e trens nacionais e internacionais. Nos locais das homenagens, entre fotos, mensagens, velas, faixas, existe uma pequena bandeira verde e amarela representando o brasileiro que morreu. Essa bandeira me chamou a atenção que não estamos mais tão distantes do terror. O terror não está só lá no Iraque, está aqui ao meu lado...
Eu, que nunca tive grandes contatos com terrorismo, fui surpreendida por ETAS, AL QAEDAS, Terroristas Islâmicos, Bin Laden... Esses assuntos agora me acompanham na faculdade, no meu trabalho, no noticiário, nos meus estudos, no medo do dia-a-dia... Na Europa, fala-se na constituição de um exército único, de uma união de forças contra o terrorismo. Fala-se em vence-los com inteligência e nao com guerra. Li no jornal uma frase do Doutor Diogo Freitas do Amaral que resume essa filosofia: “Bin Laden anda a procura do inimigo cristão; a Europa unida deve começar rapidamente à procura do amigo árabe”.
Achei interessante o pensamento! Tem como base o ser humano, o respeito as diferenças, a proximação com os arábes moderados. Lembra-me ao longe, o sincretismo religioso tão bem representado na minha Bahia. Porém, não deixo de lembrar que recentemente, as alunas mulçumanas foram proibídas de utilizarem seus véus nas escolas públicas da França...
By Nina