quarta-feira, 6 de março de 2013

Visão periférica





A visão é importante, até aqui tenho 100% de certezas. Dizem que a visão piora com a idade, e acho até que isso não se refere só à componente “biológica” do sentido.

Quando pequenos vemos o que queremos e imaginamos o que queremos ver, mais tarde acabamos por conseguir ver o que não queríamos ver e podemos não ver o que queríamos ver. Cresce-se e a vontade de imaginar fica inversamente proporcional à capacidade de o fazer.

A ciência e a arte desenvolveram tecnologias e intervenções para ultrapassar certas dificuldades, podendo até fazer melhorar consideravelmente a visão, mas não lhe dão o gosto (sim, refiro-me ao paladar) das visões de outrora. Os azuis, os verdes, os amarelos eram outros, o sabor adocicado perde-se, torna-se mais cru, torna-se mais salgado ou, então insípido! Tal como o poeta Gedeão (e que me seja perdoada a ousadia) falo de sal quando falo dos olhos, mas noutra vertente.

A necessidade de escrever sobre isto adveio da audição, ou repetição da audição mas com olhos de ver (voltou a miscigenação de sentidos) foi o (já habitual aqui) Tê. Quem a não ser ele poderia ver e explicar as estrelas desta forma. São ou não pequenos astros como pontinhos cintilantes no céu? Em versão Tê, o seu céu soa diferente e tem “multisabores”!


A Explicação Das Estrelas

O coração das estrelas
Arde no peito do céu
São biliões de velas
Em ermidas e capelas
Que alguem um dia acendeu
Uns dizem que foi Deus
Que acordou para ver as horas
Numa noite de Janeiro
E ligou um candeeiro
De estrelas e auroras
Ursas cisnes e leões
Sírios centauros e dragões
Fazem as constelações
Outros dizem que a matéria
Estava presa no nada
E explodiu num big bang
Espalhou-se como sangue
E fez a noite constelada
Mas há outra explicação
Que não é menos exacta
As estrelas são avós
Vogando em trenós de prata
Lá em cima a velar por nós