segunda-feira, 30 de julho de 2018

(in)Suf...oco




A noite traz o silêncio? Não, assossega o movimento físico mas desassossega “o outro”.

À cabeça voltam as metáforas, as confusões… as hipérboles ficam-se a meio. Estas só se refletem pela manhã, porque a reflexão noturna não devolve a sua essência, fica como que pousadas na areia da maré vaza à espera de uma outra vaga, das matinais, para que seja espelhada e contemplada.

Parece que há um nada que se tenta preencher por outro nada, enquanto sobra pouco mais que nada para ocupar o vazio. Não é como que a areia a fugir entre os dedos, porque a dúvida faz com que nem a certeza do contacto com os sedimentos seja real. É como que um “e se” em que não se pensa, porque já se sabe que a atividade cerebral não leva a lado algum a não ser a um tentar adormecer sob um manto de catos, num deserto de ideias objetivas, ideais, fundamento, objetivo ou propósito, como queiram chamar (ou como eu queira chamar). O tangível são, como diz o poeta, as “escoras do meu mundo movediço”. Um (meu mundo) cada vez mais a tender para o silêncio do que para o infinito. Um acumular de inspirações desproporcionadas face à sua reação, resultando como que num balão cada vez mais vazio e ao mesmo tempo cheio de um gás pouco (ou nada) nobre ou raro… uma câmara que com tanto ar não rebenta porque costuras não tem e parece que alguém que não só não facilita a saída do ar, como que atribui caráter lúdico a este controlo de trocas gasosas.

A noite termina, ou vai terminando à medida que o sono se interrompe e não se consubstancia, o desassossego desagua, exala e embate de frente com a vontade (ou vontades) de “acefalopatia ambulante”. Já não sou só aquilo que sou, já não sou só eu e as circunstâncias… acho que cada vez mais sou o que estou, vou estando ou conseguindo estar. Entre a limitação auto/imposta de cogitação, valor e predisposição vou disputando o dia-a-dia com as certezas do passado e de um presente de uma fútil utilidade de sombra na presença do astro-mãe, entre os braços cruzados e a camisa-de-forças.

As certezas só as de um fim em si mesmo…um nada! Um ponto e vírgula não tem o alcance de um ponto final. Respirar é preciso, difícil é fazer o parágrafo e ter a certeza que vale a pena colocar o travessão.


sábado, 31 de dezembro de 2016

De circadiano a circadiano


Nesta que é uma tentativa de equilíbrio do tempo, entre balanços e previsões, as recordações tentam vir até ao presente para se misturarem com ele e com o que está vir.

Qualquer pessoa, com o mínimo de tempo e silêncio necessários para o “bem pensar” (ou conformando-se com o “pensando bem”) consegue saber o que não pretende que se repita, e auspiciar para o ano vindouro, provavelmente, tudo que lhe esteja no mínimo nos antípodas.


Tenho uma noção do que gostaria que se concretizasse no ano que está prestes a iniciar, mas na essência quero ter o engenho e arte para alimentar a vontade de fazer mais, fazer melhor e quiçá fazer diferente.


Diz o poeta, e o meu avô pelos vistos fazia-lhe citações frequentes, “mata o passado e sorri”, prometo tentar fazê-lo na medida em que não queira que o esquecimento me liberte de um ou outro passado… assim tipo um esquecimento selectivo, semelhante com o que da capacidade que pretendo possuir relativamente ao aparelho auditivo, mas as vontades também as leva o vento.


Em término, não só do ano mas como desta publicação, vou “automentalizar-me”, insistir na reciprocidade e ir reunindo aos meus amigos.

 
“Circadiando” neste peculiar mundo redondo com tantos cantinhos agradáveis…