quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Batimentos...




Entre batidas, batidos e batimentos, decidi expressar-me relativamente a estes últimos (não que os primeiros não tivessem, em potencial, a sua pertinência).


Por vezes há momentos em que temos a percepção que a vida se suspende entre um tic e um compassado tac de um lento relógio de pêndulo, como que necessitássemos de acordar os pulmões para que inspirem e expirem e que, se não for mais, que uma maldita asma apareça para quebrar o silêncio que se instalou como uma fina camada de gelo, como que uma das “meias-horas” do dia… O batimento repete-se, num movimentar monótono e pouco harmonioso na espera que o tempo se resolva a passar ou, pelo menos, ir passando…


Mas, por vezes, o batimento acelera… o dos relógios ora pára, ora acelera, acompanhando os acontecimentos e engane-se quem afirma que bem ou mal, ritmado ou sem compasso, há sempre batimentos. Por vezes o relógio não trabalha, quiçá por vontade própria ou porque o “maquinista” decidiu fazer greve às suas obrigações ou se cansou de percorrer sempre os mesmos caminhos sem, de momento, ter motivo para ir e voltar, sempre pelo mesmo caminho, variando os sentidos mas mantendo a concentração no cumprimento estrito dos serviços mínimos (ou máximos).


Quando as coisas não batem certo, ou apenas não batem, pode também dever-se ao atrito que, como força contrária ao movimento, impede o cumprimento dos comportamentos facilmente previsíveis em condições ideais.
A certeza que tenho é que o meu “tic-tac” se mantém, porém creio que começo a optar pelo relógio analógico…hi-tech? Superficialismo? Pseudo-auto-engano? Who knows…?


quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Greve!



Sim, isso mesmo…greve! Desta feita não vou “falar” sobre a greve da função pública e dos míticos e místicos pormenores associados.


Como que resolvi tentar abdicar, relegar, fazer um pause no lema cogito ergo sum (penso logo existo). Tenho tentado não pensar. Isto, para alguns pode ser parte integrante do dia-a-dia. No meu caso, é uma autêntica novidade e que estava ao alcance de uma vontade.

Há momentos em que me sinto cansado de pensar. Pensar por quê? Se pensar vou estar a dissecar aquela “dor pequenina (…) que não mata mas que mói”, a por o dedo na ferida, isto é, não manifesto inteligência e simpatia pela minha pessoa. Assim, não pensar acaba por ser melhor que pensar.

Não me apetece pensar em possibilidades, potencialidades, eventualidades e outras afinidades com gentes feitas potestades que manipulam, prendem e instigam a que o pensamento seja centrifugo, confuso…dê uma constante volta de 360º.

Mas que raio de capacidade esta de certas situações, problemas ou pessoas (ou um mix destas e outras) têm de amarrar e limitar o pensamento. Como que este estivesse viciado, com handycap…ou então nas entrelinhas lá estará o cérebro a subjugar-se a outro órgão e apenas tem tempo e liberdade para dizer: Try again…insert coin como se a vida fosse um jogo por vezes partilhado num salão de jogos (até se poderia dizer que só investindo poderá sair prémio).

Bem…o bom pensamento e o completo bem-estar resumem-se numa palavra (que acho que também se “resume” na música que se segue): Nirvana


quarta-feira, 5 de agosto de 2009

Chama(s) ?


Isto de chamas de Verão (felizmente) tem estado calmo aqui no nosso rectângulo encaixado à beira-mar. Mas, nos Verões além das chamas no seu sentido mais “fogueado”, também são frequentes as de outro tipo que surgem na Primavera e que no Verão “chamam” pelos “ouvintes” (sim, porque há gente que faz “ouvidos moucos” enquanto e quando pode).

São frequentes os incêndios, ou fogos de Verão, que muitas vezes queremos deixar arder (não me refiro aos impunes pirómanos), os que ardem bruscamente e os outros em lume brando…há, ainda, os que tentamos apagar de imediato.

Entre chamas incomodativas, chamas quentes (sem fazer o previsível, fácil e brejeiro trocadilho com as brasas), chamas destruidoras, ou chamas “esterilizadoras”…a estação estival poderá ter de tudo ou de tudo um pouco. Só não parece muito viável como se consegue, por vezes, apagar fogos e deixar-se arder em simultâneo (raios…este post está perigoso porque a brejeirice está periclitante… nada de referências a individualidades “ardidas”). Como se se pudesse escolher por qual chama se quer deixar queimar, ouvir o fogo a estalar, o ambiente a aquecer… o limbo da ignição, a incerteza da propagação e a hesitação do rescaldo…

Bem, a perspectiva pode ser comodista, mas creio que se recomenda o “deixa arder”, ter noção da saída de emergência mas, ao mesmo tempo, saber quando, como e se se deve alimentar o fogo.


Vai um mergulho?




Fahrenheit (Clã)

Não ouviste o fogo a arder
Não sentiste o mercúrio à Volta
A subir em flecha a subir em ti
A subir no sangue a acender o corpo
Não ouviste o chamamento
Os tambores tocando ao relento
Palcos em chamas cabelos ao vento
Incêndio de Verão
lavrando o chão

Fahrenheit a noite estala
Parte a escala
Fahrenheit a noite estala
Sente o fogo a arder
Fahrenheit a noite estala
Explode a escala
Fahrenheit a noite estala
Ouve o fogo a arder

Não ouviste o fogo a arder
Não sentiste o mercúrio à volta
Guitarras em fúria
Lanternas no ar
Vozes a cantar em tons de gasolina
Não sentiste a queimadura
Não sentiste a alma pura
Não ouviste o eco chamando outro eco
O fogo lambendo o teu coração seco