domingo, 11 de novembro de 2007

Só...


Obra de António Nobre que em nada aqui é chamada. Todos nós nos sentimos sós. Todos nós somos portadores desta patologia. Uns no seu estado mais crónico (ou mesmo crítico), outros no seu estado agudo (havendo também os habituais “casos pontuais”).
Este sentimento poderia ser facilmente explicado por uma localização de um indivíduo num local ermo, isto é, isolado, onde mais ninguém habita ou alma penada passa. Mas não! A forma mais complexa de solidão, creio, é a que se sente quando se vive numa constante “Rua de Sta. Catarina” cheia de “amigos transeuntes” que apenas se cruzam connosco no correr dos dias, deixando-nos perdidos num local que afinal deveria ser para nós como a palma das nossas mãos, ou param nas montras da vida sem nos avisar e seguimos no nosso passo (mais melancólico ou apressado, consoante a calçada). Passo a explicar esta analogia que mais não é que aquele “feeling” de se estar só no meio da multidão (desculpem o estrangeirismo, mas há lá coisas que soam mesmo de maneira diferente quando abandonam a nossa língua materna).
A ideia de solidão passa sempre pela imagem de um vagabundo num banco de jardim, mas este não será apenas um quadro que se pinta para que cada um não olhe devidamente para o “seu umbigo”?
Já diz a poesia que quando se passa por essa “triste mágoa” de estar só, como que se rasteja no pó e o nosso coração fica de tal maneira cansado de bater por nada que “lembra uma velha nora morrendo à sede de água”.
Mas, meus amigos, poderão ver isto por vezes olhando também para vocês, mas não o vêm nos outros e, mais uma vez me “socorro” da arte poética:

« P'ra que não façam pouco
Procuro não gritar
A quem pergunta minto
Não quero que tenham dó »

Assim, solidões são suspiros, são inspirações profundas seguidas de expirações mentais de massa encefálica que poderia ser menos complexa e mais “prática e descomplicada”.
Mais uma vez o texto vai longo, mas … já que (quase) ninguém lê, dou largas à imaginação e “converso”, em silêncio, com este cursor que não pára de piscar como que a incitar que acabe finalmente a frase, ou que apague este carrossel de caracteres que nada fazem aqui. Espero ainda um dia perceber o seu significado…

3 comentários:

Anónimo disse...

A solidão só existe se nós deixar-mos que ela exista porque se olharmos à nossa volta nunca estamos sós!

Anónimo disse...

tens razão. estar só não é exclusivo do velho vagabundo sentado no banco do jardim. Estar-se só passa também por estarmos rodeados de gente, mesmo daqueles que nos perguntam "então, tudo bem?" e correm sem esperar a resposta e realmente importar-se se está mesmo tudo bem. Depois também há o ser-se só... mas isso há-de ficar para outra vez. Sim, para outra vez, porque hei-de voltar mais vezes ;)

Ju disse...

Secalhar se as pessoas construissem pontes em vez de muros tudo seria mais harmonioso e não existiria a solidão.

Gosto dos teus textos Miguel! Continua a despertar sentimentos através da tua escrita.

Beijo Ju