Um dia destes, não é um destes dias. Pode parecer a mesma
coisa, mas não o é de facto. A essência é outra. É mesmo! Completamente outra,
bem mais do que há dias assim.
A cabeça está cheia, as ideias saltam de hemisfério em
hemisfério, umas empurram as outras para baixo… e não são necessariamente as
mais fracas que ficam por baixo, talvez sejam as mais certas porque ficam
presas entre os vértices das mais irregulares, mas se assim for não consigo
explicar porque é que as ideias mais densas ficam à superfície…
Nestes dias há um
bem precioso que tenta resistir como pode numa panela esquecida ao lume, a água
ferve, borbulha, evapora e não resiste ao esquecimento térmico, desidrata e
fica como que em pó, um “derivado de”, digamos que existe (ou subsiste) um
sucedâneo de paciência.
O ar teima em entrar nos pulmões…teimar pode não ser bem o
termo mais adequado, porque por vezes o ar é empurrado com a força de um
suspiro, sim do suspiro. A respiração também se pode assemelhar ao movimento
das ondas no mar: aquele momento em que a expiração é mais sonora e prolongada equivale
ao rebentar da onda que em simultâneo origina uma onda nova, por vezes no
sentido contrário. Lembro-me agora de comparar aquele instante em que a onda
atinge o seu ponto máximo com o intervalo entre a inspiração e a expiração
(mais exuberante e quiçá asfixiante quando balançada ao pela métrica do
suspiro).
O texto hoje vai volátil, não adianta. Bem tento
explicar-me, bem tento compreender-me…acho que me vou ficar entre o “não adianta”
e o “não concordo”. Não sei bem com o quê, com quem…nem sei bem o porquê destas
reticências - talvez até saiba, mas para quê escrever? Bem vistas as coisas:
pensar, ter paciência ou respirar podem fazer todo ou nenhum sentido. Junto ou
separado, proporcionalmente ou inversamente proporcional.
O gongo toca. É chegado o momento do cursor deixar de
piscar, de existir e deixar de o ser, o texto não vai lá das canetas e o fundo
branco não é papel, é redundantemente um “volátil software”…
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