Caros leitores (se é que ainda existem)
Mais uma vez parece-me que a mancha de texto que vai preencher este blog (que alguns lêem mas que poucos comentam) vai representar um suspiro ou uma sucessão de inspirações e expirações que não mais fazem do que confirmar que (ainda) me encontro biologicamente vivo e que a minha mente ainda funciona, nem que seja para me fazer pensar nela mesma o que, acreditem, não é fácil e muito menos normal (pelo menos é o que eu acho).
Desde já posso tirar uma conclusão: não devo ler Saramago! Já viram bem a extensão daquela 1ª frase? Bem que a tentei encurtar mas… olhem… “ficou-se assim”.
Nesta deambulação estática do meu dia-a-dia prendo-me com algumas ideias que ouço em músicas que se repetem no media player, em frases que se lêem e se tentam perceber e sobrevive-se pensando, sem que às vezes se saiba concretamente em quê. Mas afinal não será uma verdade que “um bom poema é aquele que nos dá a impressão que é ele que nos está a ler... e não nós a ele!”?
Certamente alguns também já tiveram esta sensação e deram por si a pensar: «como é que isto descreve perfeitamente este momento da minha vida?! Coisa estranha…».
Bem, qual seria então o grande interesse das músicas se elas não servissem para nos fazer abandonar as nossas existências por 3-4minutos enquanto cometemos a crueldade de cantar (assassinando as musicas e “maltratando” quem nos ouve) ou então de sonorizar aqueles “na, na…na” (na ausência de letra conhecida) e ainda acompanhar do belo estalido dos dedos ou então do bater com o pé no chão? (a não ser que seja musica tecnho em que o CD vai do principio ao fim sem parecer que tenha saído da primeira faixa).
Boas são, normalmente, aquelas músicas que nos fazem pensar e… sonhar. Quando damos por nós, muitas vezes, acabamos de adormecer para a realidade e estamos a “acordar para dentro” (coisa não recomendável por vezes).
Actualmente, para mim, a música é um “escape”. É óptima para nos “acompanhar” nos transportes públicos (apesar de nos impossibilitar de ouvir os diálogos - em surdina relativa - acerca da “vizinha do 3º esquerdo do bloco 4 que parecia boazinha mas que afinal não passa de uma bandida” ou então da imensurável lista de doenças e operações que fulano já fez e que lhe deviam garantir um lugar sentado) mas, meus amigos, não se pode ter tudo. Assim, a solução que vos apresento é a que andem a pé (fazem exercício e é melhor para o ambiente) e façam-se acompanhar de um MP3 quando as viagens vos fizerem sentir sozinhos no meio de uma multidão que não vos conhece, não quer conhecer e, talvez, tenha raiva de quem vos conhece.
Para terminar, fica um excerto de mais uma letra de uma música:
Diz-me que solidão é essa
Que te põe a falar sozinho
Diz-me que conversa
Estás a ter contigo
Diz-me que desprezo é esse
Que não olhas para quem quer que seja
Ou pensas que não existe
Ninguém que te veja
Que viagem é essa
Que te diriges em todos os sentidos
Andas em busca dos sonhos perdidos